domingo, 3 de julho de 2016

Análise de Filmes #11 - Mogli, o Menino Lobo (2016)


Olá para vocês, leitores do Fênix no Sekai. Aqui é o Diego Felipe e trago até vocês mais uma análise de filmes. O filme da vez será um live-action da Disney que está fazendo muito sucesso de bilheteria, sendo elogiado pelos críticos e se mostrando um dos melhores filmes do primeiro semestre desse ano. Sim, estamos falando de Capitão América: Guerra Civil Mogli - O Menino Lobo, filme baseado originalmente na obra literária O Livro da Selva, lançada em 1894 de autoria de Rudyard Kipling.

O filme já faturou mais de $900 milhões de dólares nas bilheterias mundiais e se tornou uma das maiores bilheterias do ano, conseguindo superar Batman vs Superman: A Origem da Justiça e, por enquanto, está atrás apenas dos filmes Capitão América: Guerra Civil e Zootopia (que, assim como Mogli, também são distribuídos pela Disney). E em fórums e sites de crítica o filme apresenta os seguintes desempenhos:

Rotten Tomatoes: 94% de aprovação crítica (249 votos) e 90% da aprovação pública (74.026 votantes).
IMDb: Nota 7,8 de 10 (90.658 votos)
Metacritic: 77 votos (49 comentários)


Bem, vamos logo à análise.
Pôster brasileiro do filme

FICHA TÉCNICA
Diretor: Jon Favreau
Produtores: Jon Favreau e Brigham Taylor
Roteiro: Justin Marks
Estúdio: Walt Disney Pictures / Fairview Entertainment
Duração: 105 minutos
Data de Lançamento: 15 de 2016 (EUA).
- Páis: EUA


A HISTÓRIA


O fio condutor do enredo é Mogli (vivido em carne e osso pelo estreante Neel Sethi), um menino humano que quando bebê foi encontrado abandonado na selva pela pantera Baguera (voz de Ben Kingsley). Criando afeição pelo "filhote de homem" - como assim Mogli é chamado pelos animais da floresta - ele o entrega para ser criado por uma alcateia.

Mogli cresce sob o afeto maternal de Raksha (voz de Lupita Nyong'o) e sob a orientação responsável de Baguera e de Akela (voz de Giancarlo Esposito), o líder da alcateia. Porém sua presença causa certa estranheza em outros animais. E em meio a esses animais está o cruel e terrível tigre Shere Khan (voz de Idris Elba), que ameaça eliminar os membros da alcateia se Mogli não sumir da floresta.


Uma vez obrigado a deixar o único lar que conhece, Mogli passa a ser guiado por Baguera para chegar à aldeia dos homens. No caminho ele se deparará com criaturas interessantes, como a ardilosa cobra Kaa (voz de Scarlett Johansson), o imenso e imponente Rei Louie (voz de Christopher Walken) e o preguiçoso e malandro urso Baloo (voz de Bill Murray), com quem faz uma grande amizade.



A ANÁLISE

Mogli - O "filhote de homem"
Ultimamente a Disney tem apostado bastante em live-actions de seus filmes animados clássicos. Já chegaram às telonas adaptações de Alice no País das Maravilhas (2010), Maléfica (2014) - esse um spin-off da animação A Bela Adormecida (1959) - e Cinderela (2015). Outros filmes estão planejados ou especulados para sair mais pra frente como Meu Amigo, o Dragão (ainda esse ano), A Bela e a Fera (2017), A Espada Era a Lei (ainda um boato), Mulan, Dumbo (confirmado com a direção do consagrado Tim Burton), O Ursinho Pooh, Pinóquio (esses últimos sem data definida), dentre outros.

Balu - O urso
Mas, focando em Mogli, a expectativa em cima do filme antes de seu lançamento era grande, visto à ótima qualidade do material apresentado nos trailers e bastidores do filme. E aqueles que estavam em grande expectativa não se decepcionaram: o resultado da obra é mais que satisfatório, adaptando competente o filme animado de 1967 e aliando ainda elementos do livro original de Rudyard Kipling.

Baguera - A pantera
Um dos grandes méritos do filme dirigido por Jon Favreau é passar á trama um tom mais maduro e mais sombrio, principalmente com relação ao desenvolvimento da narrativa e dos vilões Kaa, Rei Louie e (principalmente) Shere Khan. Ao invés de absorver o clima mais inocente da animação de 1967, a live-action decide optar por apresentar a floresta como um ambiente tão belo quanto hostil, embora as características infantis da obra permaneçam.

Shere Khan - O tigre
É notório como o personagem, Mogli, tem que lidar com sua adaptação à selva e lidar com a concepção estranha que os outros animais tem dele, considerado um "filhote de homem". A interação de Mogli com sua família e com Baguera é tocante e bela. Aliás, a relação e o comportamento dos animais com Mogli são significativos para o desenrolar da história: o ódio mortal de Shere Khan, a amizade divertida com Balu; o encontro traiçoeiro com Kaa; a ambição desmedida do Rei Louie; o estranhamento de outros animais; toda essa interação natural dá um tom mais crível ao funcionamento do roteiro.

Raksha - a loba que adota Mogli
O garoto Neel Sethi, mesmo atuando "solitariamente" (os animais do filme não são reais, mas "frutos" da computação gráfica), consegue mostrar carisma e se manter à vontade interpretando o personagem. A composição minuciosa da animação dos animais também é de ótima qualidade.

Kaa - A cobra
Uma concepção interessante da obra está relacionado à "flor vermelha", que trata-se da forma como os animais denominam o "fogo". A forma como a "flor vermelha" é abordada no filme, principalmente quanto ao temor que ela causa aos animais, é um dos pontos altos do filme. Sem ter o mesmo nível de impacto mas ainda assim sendo marcante, está a forma como os elefantes são retratados como guardiões sagrados da selva, numa concepção mais complexa do que a dos elefantes da animação de 1967.

A temida "flor vermelha"
Jon Favreau chegou a declarar que a maior parte dos ambientes e cenários do filme foram feitos por computação gráfica, o que se mostra um feito surpreendente devido ao eficiente uso do CGI para a criação do ambiente selvagem. A forma como os personagens animais são animados também apresenta qualidade, conseguindo torná-los tão naturais quanto expressivos.

Rei Louie
Aliás, é elogiável o trabalho primoroso da direção de Jon Favreau. Responsável pelos dois primeiros filmes da franquia Homem de Ferro, por Cowboys & Aliens e pelo subestimado Zathura, Favreau entrega seu melhor trabalho de direção até agora. O roteirista Justin Marks, pouco experiente, também surpreende com uma história bem-costurada e que consegue mesclar a complexidade e o charme infantil que a live-action pede (e é atendida).


Se por um lado a obra adota um teor mais maduro para seu enredo, por outro ela mantém uma relação importante com a relação de 1967: as canções, inseridas na live-action de forma natural, sem que o filme torne-se uma obra musical (inclusive, destaque para a versão de Scarlett Johansson para a música "Trust In Me", que só pode ser ouvida nos créditos finais). Ainda sobre as canções do filme, destaque para a cena em que o personagem Balu forma, ainda que brevemente, um dueto com Mogli na clássica e marcante canção "The Bare Necesseties" (Necessário / Somente o necessário / O extraordinário é demais).



As dublagens dos personagens são soberbas e conseguem captar e tornar verossímil a emoção dos personagens, principalmente com relação ao trabalho de: Idris Elba com o vilão Shere Khan; Bill Murray, como o preguiçoso e bem-humorado urso Balu; Ben Kingsley como o sábio e preocupado Baguera; Lupita Nyong'o como a afetuosa loba Raksha; Christopher Walken, cuja icônica voz não só dá vida ao Rei Louie como "repagina" a canção "I Wanna Be Like You" (na versão de 1967, a canção ficou marcada na voz do ícone do jazz Louis Prima).


A trilha sonora instrumental é brilhantemente composta por John Debney (indicado ao Oscar pela trilha instrumental de "A Paixão de Cristo"). Debney, marcado por boas trilhas em filmes live-actions e de animações sem grande êxito crítico , alcança o seu melhor trabalho depois do já citado "A Paixão de Cristo".


Em suma, Mogli - O Menino Lobo se mostra um filme muito agradável para todos os públicos. E não para por aí: a Disney já deu sinal verde para o diretor Jon Favreau e o roteirista Justin Marks para uma continuação, que poderá expandir ainda mais o rico ambiente apresentado nessa live-action. Uma boa pedida não apenas para entusiastas mas para apreciadores de boas obras de fantasia.

"The Bare Necessities" - versão de Bill Murray e Kermit Ruffins

"Trust In Me" - versão de Scarlett Johansson


"I Wanna Be Like You" - versão de Christopher Walken


Bem, pessoal, essa foi mais uma análise de filmes para o Fênix no Sekai.
Até a próxima!



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